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Âncora 1

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

O ENSINO DE HISTÓRIA COMO PRÁTICA DE PESQUISA: A OPÇÃO PELA AULA-OFICINA

Quando o professor assume o papel de investigador social e pesquisador histórico, o estudante se torna o agente do conhecimento. O professor passa a investigar a realidade dos estudantes. Os conhecimentos tácitos trazidos por estes são a matéria prima para o trabalho daquele, que não mais exerce o papel de arauto do conhecimento, mas de organizador das atividades problematizadoras que serão trabalhadas pelos estudantes num processo de reconhecimento e análise das ideias prévias e experiências.

A aula-oficina tendo como base o princípio investigativo – sob a matriz disciplinar de Rüsen – implica no professor como investigador social, que apreende e interpreta o mundo conceitual de seus alunos no sentido de modifica-lo positivamente e esta progressão pode ser manifesta nas narrativas dos alunos, pois também integra a construção do conhecimento histórico escolar, a capacidade de apresentar, divulgar, comunicar os “resultados” do conhecimento histórico produzido (RAMOS, 2018, p. 49).

 

A partir da relação entre história ciência e vida prática, o processo de ensinar história construindo o conhecimento histórico pode ser organizado em cinco etapas constitutivas: Interesses, Ideias, Métodos, Apresentação e Funções (RAMOS, 2018, p. 36). Esta é a síntese da matriz disciplinas de Rüsen, a partir da qual são constituídos os princípios do modelo de Aula-Oficina que, segundo Isabel Barca, possibilita a progressão gradual do conhecimento histórico, desenvolvendo as competências históricas essenciais a qualquer pessoa.

No trecho ao lado, em destaque, apresentamos uma síntese das características, objetivos e métodos da Aula-Oficina que,

nas palavras de Isabel Barca, pode ser descrita com uma estrutura de cinco itens. É possível verificarmos que não se trata de um passo a passo prescritivo, mas de fases que são compostas por diferentes tarefas, mais ou menos complexas.

O objetivo deste modelo de aula é a progressão do conhecimento histórico abarcando conceitos dos conteúdos substantivos específicos e, muito mais, os conteúdos de segunda ordem, perceptíveis a partir da narrativa histórica produzida pelos estudantes que é o foco de todo o processo de desenvolvimento da aula, desde seu planejamento até a reflexão posterior às aulas. A “recolha de dados sobre as ideias dos alunos” no início e no final do processo demonstra a preocupação fundamental deste modelo e evidencia o objetivo de superar os paradigmas que tinham no professor o detentor do conhecimento e no estudante uma tábula rasa receptora de informações.

Todo o processo de ensino e de aprendizagem é reconfigurado. A função do professor é orientar o processo de pesquisa, análise de fontes e desenvolvimento da narrativa histórica, etapas protagonizadas pelo estudante. Este pode, portanto, demonstrar traços progressivos em sua narrativa na medida em que o professor apresenta e trabalha com diferentes conteúdos substantivos e de segunda ordem. O trabalho docente passa a ser mais qualificado na medida em que se torna necessário o domínio de metodologias e pressupostos teóricos para que o exercício do ensino de história supere a narração linear, e passe a conduzir uma construção de conhecimentos históricos no cotidiano da sala de aula.

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